Eu
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Em nossa marcha evolutiva, há um momento em que o espírito desperta pela percepção de si mesmo, quando o “EU” atinge o nível de poder exercer o livre arbítrio no plano temporal, deixando de ser uma prisão para o espírito.
Pela ação e interação, o “EU” amplia seus conhecimentos e expande suas realizações, refina as emoções e aprimora os sentimentos, permitindo que o espírito, que nasceu simples e ignorante, passe a atuar e crescer no entendimento de si mesmo e de tudo o que está à sua volta neste Universo.
Ele deixa de se aprisionar na ideia de que é um corpo carnal, mortal, limitado pelos sentidos, e desperta para a realidade de que é um ser imortal, iluminado e preciosa existência. Esta é a fase do renascimento do Homem!
Mas, é preciso observar entre o “EU” negativo e o positivo. O negativo – EGO, é o que desperta para o egoísmo, ignorando os outros e buscando sempre vantagens para si mesmo. O positivo é aquele que desperta para o trabalho na Lei do Auxílio, esforçando-se para servir e ser útil aos seus irmãos, sempre preocupando-se em ampliar o seu conhecimento, proporcionando a si mesmo o aperfeiçoamento de seu espírito através das modificações em seu íntimo, sempre exigindo o melhor de si mesmo.
O campo energético da mente é limitado em torno de uma densa massa, nuclear, o “EU” ao redor da qual os mecanismos psicológicos giram como partículas atômicas, instrumentos da vida mental que têm diversas naturezas, indo do sistema sensorial até a capacidade de abstração, controlando a intensidade e a qualidade da energia mental.
Seu funcionamento é pulsativo ao redor de seu núcleo, recebendo e transmitindo impulsos de diferentes padrões vibratórios, obedecendo à sintonia em que é colocada pela vontade – a sintonia mental.
O Eu é a sede da decisão, o centro do livre arbítrio e da responsabilidade do indivíduo. Forma uma unidade complexa, idêntico a si mesmo e autônomo no agir, dando aos fatos psíquicos a forma de atos pessoais e, na verdade, é o conteúdo da consciência.
O Eu permanece intocado em qualquer dos planos – físico, etérico ou astral – em que estejamos, isto é, da nossa organização molecular. Transcende as experiências e experimentações psicológicas, sendo sujeito ao corpo e ao meio cósmico, avaliando sensações e sentimentos, fazendo julgamentos, questionando razões, formando uma intersubjetividade que lhe dá natureza secreta, e, independentemente do comportamento do ser, o torna único e incomunicável.
Entre as situações-limite – nascimento e morte – o Eu preside todo o desenrolar da vida, seu determinismo e sua liberdade. Em Delfos vê-se a inscrição: “Conhece-te a ti mesmo!”, e essa é a base da Doutrina do Amanhecer. Aprendemos a nos conhecer, a caminhar para dentro de nós mesmos, sabendo que o Céu e o Inferno estão dentro do nosso Eu.
Quando desencarnamos, o ego permanece na matéria, enquanto o Eu, com toda sua carga, se desprende para os planos espirituais.
Em João (XIV, 6) nos é revelado que Jesus disse:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim!”
Um dos significados desta frase seria: O Eu é o caminho da verdade e da vida.
Sim, porque como conteúdo da consciência, depende da estruturação do Eu o bom ou mau aproveitamento da reencarnação, da jornada daquele espírito.
Existe até uma doutrina – o solipsismo – que afirma ser o “EU” única realidade no mundo, pois, com suas modificações subjetivas, forma toda a nossa realidade.
Segundo o Dicionário de Psicanálise, de Elizabeth Roudinesco e Michel Plon (Jorge Zahar Editor), EU é o termo empregado em Psicologia e Filosofia para designar a pessoa humana como consciente de si e objeto do pensamento. No Brasil também se usa “ego”. Retomado por Sigmund Freud, esse termo designou, num primeiro momento, a sede da consciência. O eu foi então delimitado num sistema chamado primeira tópica, que abrangia o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. A partir de 1920, o termo mudou de estatuto, sendo conceituado por Freud como uma instância psíquica, no contexto de uma segunda tópica, que abrangia outras duas instâncias: o supereu e o isso (id), O eu tornou-se então, em grande parte, inconsciente. Essa segunda tópica (eu/isso/supereu) deu origem a três leituras divergentes da doutrina freudiana: a primeira destaca um eu concebido como um polo de defesa ou de adaptação à realidade; a segunda mergulha o eu no isso (id), divide-o em um eu e num Eu, este determinado por um significante; e a terceira inclui o eu numa fenomenologia do si mesmo ou da relação de objeto.