Demônio
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Compreendendo diversas e numerosas entidades de várias denominações, os demônios têm suas características próprias desde textos bíblicos até a atualidade, ainda reforçadas pelas fantasias populares e por autores literários, sempre marcadas por máculas morais ou físicas, com sua maldade presente nas injúrias, pragas, maldições, raivas, além do poder da obsessão, em que vai, passo a passo, tomando conta de uma pessoa, alterando toda a personalidade e levado-a para o caminho do mal.
Na nossa Doutrina do Amanhecer, em que pese reconhecermos toda a carga negativa desses espíritos do Mal, aos quais podemos denominar simplesmente demônios, somos preparados para esses encontros, não como um combate entre a Luz e as Trevas, mas, sim, como uma grandiosa oportunidade de podermos ajudar àqueles irmãos a saírem da triste situação de demônios.
Demônios são espíritos maus, que podem ser da Natureza ou de desencarnados que, ao contrário da evolução, trilharam caminhos contrários e se perderam por sua falta de amor, de compreensão e entendimento das revelações da Espiritualidade Maior. Provocam conflitos, doenças, catástrofes e morte, na verdade representando sempre um poder responsável pelo Mal que se reflete nas ações daqueles que estão sob a influência deles. Eles cumprem suas tarefas junto aos espíritos encarnados, ampliando a ação nefasta de cobradores e obsessores, e desencarnados, escravizando-os em seus reinos e em suas cavernas.
Na História, a origem dos demônios se perde nas antigas religiões, principalmente na Pérsia. Os assírio-babilônicos e os egípcios criaram demonologia complexa, tendo surgido numerosos processos de exorcismo e ritos mágicos que perduraram até os dias atuais, atravessando tempo e espaço, influenciados por religiões e doutrinas, adaptando-se às novas filosofias e culturas, bem diferenciados no Oriente. Aqui no Ocidente, a maior influência veio através da Bíblia, em que vários trechos falam de espíritos que alteram os sentimentos do Homem. Nos livros de Jó e de Zacarias já surgiu o nome de Satanás, da corte celeste, para identificar o acusador dos homens e o que os põem à prova, tentando-os. Mais tarde, o Judaísmo aponta os demônios como anjos caídos, auxiliares de Satanás. E nos Evangelhos vamos encontrar o relato da luta de Jesus contra os demônios, quando se amplia essa luta considerando a magia e a idolatria como instrumentos diabólicos. Na opinião dos Evangelistas, no final dos tempos, os demônios serão definitivamente vencidos.
No ano de 563, o Concílio de Braga declarou que o demônio, a princípio, era um anjo bom feito por Deus, e sua natureza foi obra de Deus, tornando-se mau não pela condição da própria natureza mas, sim, pelo próprio livre arbítrio. Concluímos, então, que o diabo tem personalidade, já que utiliza seu livre arbítrio, e é alguém, e não um mero símbolo do Mal. O Papa Pio XII, em 1948, afirmou que os anjos eram criaturas pessoais, o que pode se aplicar, então, aos demônios. Estudiosos nos revelam que cerca de duzentos anjos guardiões, liderados por Azazel, se rebelaram contra Deus, e desceram à Terra, na região do monte Hermon, unindo-se a mulheres das tribos locais, gerando um grande número de gigantes e divulgando os segredos do Céu, dando origem à magia negra e à feitiçaria. Deus incumbe o Arcanjo Rafael de capturar Azazel e seus seguidores, e prendê-los em uma caverna, e de despertar o povo para as verdades do Céu, se contrapondo aos ensinamentos do mal.
Vamos rever a posição de Satanás, não como antagônica a Deus, mas sim como um espírito rebelde e decaído, que foi criado como os outros espíritos do Céu, que mantém a natureza angélica que define seu ser.
De modo geral, através dos tempos, o demônio é culpado por um sem número de atuações que conduzem o Homem a situações aflitivas e que sabemos se tratar de obsessões. Por ação dele, o Homem seduz, mente, corrompe, atormenta, divide, insufla os cismas, suscita as heresias, deforma todo o Bem, fomenta as guerras, trama os crimes, semeia ruínas, faz brilhar as aparências... Os magos e os feiticeiros utilizam os demônios para a realização de trabalhos na Magia Negra. Muitos deuses e deusas antigos se tornaram demônios – Baal, Moloch, Astartê e Belzebu, como exemplos. Moisés tornou demônios os deuses dos povos vizinhos de Israel. Dentro da vertente africana, os Exus tiveram suas ações revisadas e de mensageiros dos deuses se transformaram em demônios.
Com o poder e influência das autoridades religiosas, os demônios foram se transformando em figuras grotescas e monstruosas. Até o surgimento de chifres se fez em Satanás, dentro da ideia ancestral de que o chifre servia para simbolizar a força, a potência e a majestade do poder real.
O assunto é tão tumultuado através da História que o termo Lúcifer, que significa “Portador da Luz”, foi usado por Pedro para designar Jesus e, depois, pela palavra de alguns Papas, passou a designar um sinônimo de Satanás, sendo assim popularizada a denominação.
Para nós, no Vale do Amanhecer, Satanás é uma simples representação do Vale Negro, do mundo espiritual onde estão os espíritos de baixo padrão vibratório que provocam as obsessões e fortalecem as cobranças transcendentais. São os espíritos que vivem no Vale das Sombras e nos abismos.
Não nos foi dado reconhecer um comando único dessas forças, um só rei, um só poder, porque são inúmeras falanges de espíritos conduzidos por grandes chefes, dotados de muita sabedoria e inteligência, envolventes, que escravizam e manipulam seus povos, e que se manifestam de diversas formas, dependendo, é claro, do padrão vibratório de suas vítimas encarnadas. Estabelecem, de modo geral, a intranqüilidade, os ódios, as brigas e as doenças por força de suas forças negativas.
Nossos adversários não se concentram em um Satanás e nem em um Lúcifer. Nossa missão, o que temos de enfrentar no nosso dia-a-dia, é a permanente luta entre o Bem e Mal, buscando equilibrar nossas mentes e nosso padrão vibratório, marcando esses encontros com nosso alerta permanente e com a nossa astúcia, com vistas a não perdermos a oportunidade de podermos fazer chegar, ainda que muito superficialmente, com suavidade, o toque da nossa força de Doutrinador, com a influente ação do nosso ectoplasma animal, na tentativa de alcançar o íntimo daquele espírito e, com isso, começar sua libertação do Vale das Sombras.
Consideramos a figura do diabo apenas como um símbolo do mal e do que é negativo que devemos enfrentar em nossa jornada.
Temos que caminhar sempre vigilantes com o que nos rodeia e, principalmente, com o que temos dentro de nós, para não dar espaço à ação do Vale das Sombras. Nosso sucesso, nossas realizações, tudo estará sempre na dependência de nossa conduta doutrinária e do nosso padrão vibratório, as fortes armaduras de que dispomos para o enfrentamento com nossos irmãos perdidos no ódio e na vingança. É a oportunidade que temos para, com amor e tolerância, poder despertar a consciência desses irmãos para os caminhos da Luz.